quinta-feira, julho 29, 2010


Luis TRIPOLI

Logo depois de postar sobre o uso do Photoshop ponderei sobre o tempo e a fotografia de filme de verdade, em tempos onde a camera digital era no máximo uma projeção de algum autor de ficção. Época onde era impossível não querer ter um quarto escuro, onde imagens maravihosas (ou nem tanto) seriam reveladas pelos negativos em branco e preto.A grande magia da fotografia em produção manual,na manipulação de filme, papel, na luz do ampliador e nas banheiras da química que manchava os dedos para que uma foto fosse feita. Putz, to ficando velho mesmo.

Ai vieram vivencias do começo da minha vida como fotógrafo, onde passei algum tempo em contato com o Tripoli, uma lenda da fotografia no Brasil,e uma figura ímpar. Lembrei quando o procurei no estúdio da Freia Caneca, onde estava maravilhado pelos charutos cubanos e garrafas de Drambuie,recém descobertas. Fui assistente (se é que posso colocar assim), por um curto espaço de tempo do cara, e acabei fotografando alguns desfiles para uma versão brasileira da Baazar,onde ela era sócio.

Era clara a influencia dos grandes fotógrafos no trabalho dele. Era meio que um Helmut Newton made in Brazil. Mas jamais diria que um copiador,mas sim um puta fotógrafo (desculpe, mas o termo é inevitável, e bem de época!). Genioso, temperamental,mas genial.Uma referencia no que se pode chamar de fotografia de arte.

Quando ainda construia um estúdio de verdade nos fundos da casa,fazia milagres com uma Nikon , uma cabeça de flash (isso mesmo,uma!!) , a parede de um dos quartos, e um(a) modelo.Sofria de um bom gosto absurdo no uso de locações, nem sempre complicadas para a produção de fotos belíssimas.Vivia 20 anos à frente do que se produzia no Brasil na época,fez história na fotografia de moda, como pessoa, e sobretudo como artista.

Seu trabalho, no máximo tinha os retoques de cópias no lápis ou no trabalho de fotolitagem, ao contrário de alguns atuais fotógrafos que jamais sobreviveriam sem mágicos e exagerados retoques e manipulações das imagens.

Publicou um misto de livro e revista com o título " O arquivo secreto de Luis Tripoli" ou coisa bem parecida, raríssimo ,que me foi roubado, junto com outras preciosidades por um pseudo fotógrafo com o qual trabalhei.

Fica aqui, bem claro , que foi um grande influencia na minha vida como fotógrafo,não para tentar copiar o que fazia, mas no aprendizado de trabalhar mais com o criatividade que com um monte de equipamento. No temperamento não precisei , pois ja nasci com ele.

São quase 40 anos que separam estes fatos, e acredito que mais de 50 que ele fotografe, pois começou cedo, pelo que sei, aos 13.

Os museus que cuidem de preservar trabalhos dele,editoras que se mobilizem para publicar seus trabalhos.A história da fotografia no Brasil (e com certeza no mundo) não existe sem o cara!

Nenhum comentário: